sexta-feira, abril 29, 2005

nessa rua se mergulha, se nada de braçadas nas águas fortes de tanta gente, tanta, tantos sorrisos e traços e olhos que nunca me viram e esbarram com os meus, seguindo adiante calçadas afora, tantas lojas, tantos risos, motores, freios, rio caudaloso de almas e corpos, pulso vivo e escuro sob a luz amarela da Santa Fe.

que rosto foi aquele? foi-se, o maldito, submergiu, olhar-anzol tão afiado que me abriu a pele e lá fui eu como pude fechando a torniquete essa sangria antiga, na boca o gosto acre de saudades físicas, e esse mundo volta a ser vasto, a ter abismos, distâncias, geografia cruel cuja lição meu coração nunca aprende.

boas ruas são assim, nos levam de volta ao centro.
(ouça aqui a versão falada)