quarta-feira, julho 21, 2004

eu me perdi indo ao Brás, e me achei nem sei onde, cercado de casinhas de pijama, fachadas de chinelo sentadas na rua vendo São Paulo passar.

eu me perdi de jeito, me enfiei onde não era chamado, em ruas que não davam mão, que eram só muro, galpões de poucos amigos, viadutos que não me deram bola.

com muito custo (vitória sem glória) achei meu rumo centro adentro, pedindo licença entre os prédios calados, reunidos com frio ao redor de fracas luzes e praças poucas, e com todo o respeito deixei-os para trás até chegar aqui, na parada festiva de prédios em marcha da avenida paulista, pista de pouso para meus vôos cegos.

em arabescos trôpegos, em garranchos miúdos, meu coração grafiteiro picha amor por todos os cantos.
(ouça aqui a versão falada)