quarta-feira, setembro 17, 2003


rebouças acima, ao volante num dia qualquer, tudo ficou claro.

que claro que nada.

nada de cores, brilhos, luz, contornos, nada. vi por instantes um mundo invisível de corpos densos, opacos, velozes, mundo escuro de um peixe cego nadando veloz noite adentro em correntes profundas, corpos dentro de corpos roçando por corpos, superfície contra superfície, fluidez e dureza, caldo turvo e inquieto que a luz milagrosamente atravessa e nos traz como árvores e carros e asfalto e dias de sol, sopa espessa em que sons perdem força até sumir.

foi breve.

no seu colo, nos seus braços, meu corpo ganha contorno, massa, calor, e o mundo é mar de novo.
(ouça aqui a versão falada)